Oi gente. As Crônicas de Narnia é uma coleção de sete livros:
Neste livro são narradas as aventuras dos quatro irmãos Pevensie: Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia, que fugindo dos bombardeios a Londres durante a II Guerra Mundial, vão até a casa de um professor que morava no campo. Lá encontram, dentro de um guarda-roupa (cuja origem é revelada em O Sobrinho do Mago), uma passagem que liga nosso mundo ao mundo de Nárnia.
Eles chegam a este país que está sendo castigado por um inverno decretado pela Feiticeira Branca, também conhecida como Jadis. Lá eles ficam sabendo duma profecia narniana que dizia que quando dois filhos de Adão e duas filhas de Eva aparecerem e se tornarem reis de Nárnia em Cair Paravel (com a ajuda do leão Aslam), o governo da Feiticeira irá terminar.
Infelizmente Edmundo, tentado pelas promessas da Feiticeira Branca, acaba traindo os próprios irmãos, avisando-a de que seus irmãos estão em Nárnia e que estão procurando Aslam. Mas de qualquer maneira os outros três acabam por encontrar Aslam, além de conseguirem salvar Edmundo da Feiticeira. Como prova de amor, Aslam se oferece em troca de Edmundo para ser sacrificado na Mesa de Pedra, local onde os traidores são entregues à Feiticeira para sacrifício.
Mas a morte não é capaz de vencer Aslam, que revive por ser inocente, conforme ordena a Magia Profunda de Antes da Aurora do Tempo. Então a Feiticeira agrupa seus súditos fiéis para atacar o exército de Aslam, liderado agora por Pedro. Aslam primeiramente vai libertar os narnianos que foram transformados em estátuas de pedra pela Feiticeira em seu castelo, e logo então vai ajudar Pedro na batalha, derrotando definitivamente a Feiticeira e seu exército.
Com a vitória, os quatro irmãos são coroados reis e rainhas de Nárnia em Cair Paravel. Eles governam por muitos anos, iniciando a Época de Ouro. Pedro é coroado como o Grande Rei de Nárnia (ou Supremo Rei de Nárnia), sendo rei maior entre todos os outros reis e rainhas de Nárnia.
O reinado deles acaba quando, em uma caçada, acabam por encontrar uma passagem no Ermo do Lampião (a mesma que eles usaram para entrar em Nárnia), que acaba os levando de volta ao nosso mundo. Como o tempo em Nárnia e no nosso mundo são independentes, eles voltam com a mesma idade que tinham quando entraram no guarda-roupa. Ninguém ficou sabendo das aventuras deles em Nárnia, a não ser o professor que os hospedou.
Neste livro se narram os últimos dias de Nárnia quando Tirian era rei em Cair Paravel. Tudo começa quando um velho macaco chamado Manhoso (que vivia no lado ocidental de Nárnia), juntamente com um burro chamado Confuso, encontram uma pele de leão. Fazendo grandes planos, o macaco veste o seu amigo burro com a pele de leão, e passa a propagar as falsas notícias de que Aslam teria voltado e que ele seria o seu porta-voz.
O macaco então faz uma aliança com os calormanos que agora tinham a chance de conquistar as terras de Nárnia. O rei Tirian flagra o desmatamento perto do Ermo do Lampião, sendo perpetrado pelos calormanos. Acaba se entregando após matar dois deles, e ao passar a noite amarrado a uma árvore, conseguiu pedir socorro aos amigos de Nárnia (todos aqueles que já haviam entrado em Nárnia, exceto Susana) que se encontram no nosso mundo.
Então os amigos de Nárnia vão até a antiga casa do professor Kirke para recuperar os anéis que haviam utilizado em O Sobrinho do Mago, e tentar ir a socorro de Nárnia e de Tirian. Mas não foi necessário utilizá-los, pois um acidente de trem na estação onde todos estavam esperando, acaba por levar Jill e Eustáquio até Nárnia.
Ambos ajudam o rei a combaterem os planos dos calormanos e do macaco, mas a confusão é instaurada após o macaco pregar a ideia de que Aslam e Tash são a mesma coisa. Sem perceberem o que faziam, os calormanos e o macaco acabaram por invocar o verdadeiro Tash.
Durante a luta, Jill, Eustáquio e Tirian são forçados a ir para dentro de um estábulo que na verdade era uma porta para a Verdadeira Nárnia, onde Pedro, Edmundo, Lúcia, Polly e o Professor Kirke estavam. Então Aslam aparece e decreta o fim de Nárnia, tirando as estrelas do céu, mandando dragões comerem as árvores, e por fim trazendo todos os habitantes justos e virtuosos de Nárnia para a Verdadeira Nárnia.
Na Verdadeira Nárnia encontram um calormano chamado Emeth, que apesar de ter seguido por toda a sua vida a Tash, é reconhecido por Aslam como merecedor de um lugar ali, pois, apesar de ter praticado muitas boas obras em nome de Tash (e de ter servido-o com amor e fidelidade), só Aslam poderia aceitar o que ele tinha feito, porque Tash, que é mau, não podia aceitar coisas boas e resultantes do amor.
Todos então seguem até chegarem em um lugar muito alto, onde puderam encontrar pessoas que já tinham morrido. Deste lugar podia-se ver outros lugares do mundo de Nárnia e do nosso próprio mundo também. As crianças ficam apreensivas pois no final sempre são mandadas de volta; porém, Aslam os anima pois na verdade tinham morrido ao entrar em Nárnia. Agora Aslam deixava de parecer com um leão e então, como diz o autor, começam as verdadeiras aventuras daqueles que chegaram ali.
Apenas Susana foi a única dos irmãos Pevensie a não retornar a Nárnia. Segundo Polly, Susana havia crescido, e a essa altura se preocupava mais com trabalho, estudos, vida social e pessoal, e esqueceu-se da existência de Nárnia e suas aventuras. Portanto, do ponto de vista de Susana, a ida de seus irmãos á Verdadeira Nárnia seria a morte de todos eles no acidente de trem.
Quinto livro sugerido na ordem de leitura da série As Crônicas de Nárnia, de C. S. Lewis, A Viagem do Peregrino da Alvorada foi publicado originalmente na Inglaterra em 1952.
Narra as aventuras de Lúcia e Edmundo Pevensie (personagens de O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa), e de Eustáquio Mísero, primo deles, quando entram em uma pintura e são transportados novamente para Nárnia, indo parar no convés do Peregrino da Alvorada, navio do rei Caspian X (do livro O Príncipe Caspian). Caspian, após estabelecer a paz em Nárnia e assumir o trono como rei Caspian X, parte em uma viagem para encontrar os sete nobres amigos de seu pai que partiram para desbravar as Ilhas Solitárias há muitos anos e nunca mais voltaram. O Peregrino inicialmente parte sem rumo em direção ao mar, mas acabam logo encontrando várias ilhas, algumas conhecidas, outras não. Durante a sua jornada encontram piratas, dragões, uma serpente marinha gigante, seres invisíveis, estrelas em forma humana, pessoas que habitam nas profundezas do oceano, dentre outros personagens.
Caspian, Lúcia e Edmundo já se conheciam desde O Príncipe Caspian. Eustáquio, porém, não faz questão de ser uma pessoa muito agradável, mas aprende com as dificuldades que encontra durante o transcorrer da viagem (especialmente através de uma maldição que recai sobre ele) a se tornar alguém melhor. Até que esta transformação em seu caráter ocorra, o que salva de o odiarmos mortalmente são as suas provocações ao rato falante Ripchip. Eustáquio retorna ainda como um dos personagens principais nos dois últimos livros da série: A Cadeira de Prata e A Última Batalha. Esta é a última aventura de Lúcia e Edmundo, pois já estão crescidos demais para visitarem Nárnia novamente e, assim como ocorreu com Pedro e Susana, só terão uma nova e última participação em A Última Batalha.
O arrependimento de Eustáquio, bem como sua transformação em alguém totalmente diferente – não só mental, mas também física – são referências implícitas feitas por C. S. Lewis ao batismo, onde os cristãos “tem de revestir-se de uma nova personalidade”. A ajuda do leão Aslam, representado em As Crônicas de Nárnia como Deus, indica que tal transformação cristã só é possível com o auxílio divino.
Outra referência cristã é quando as crianças chegam à borda do mundo, bem próximo à terra de Aslam, e o encontram como um Cordeiro, forma como Jesus é às vezes retratado na Bíblia. O próprio Aslam admite assumir várias formas diferentes, inclusive em nosso mundo, exortando as crianças a procurar reconhecê-lo. Fica claro em A Viagem do Peregrino da Alvorada que o mundo de Nárnia não é uma esfera, mas um planeta totalmente plano, e assim como ocorre em Discworld, de Terry Pratchett, o mundo possui uma beirada e um fim. Este fim do mundo também no remete à Bíblia, em que a história nos conduz inexoravelmente até o tempo-lugar em que as profecias apocalípticas se cumprirão.
A mitologia também está presente na questão da viagem, que faz parte de muitas tradições no mundo e simboliza a busca humana interior por um prêmio, um objetivo, um ideal superior e divino. A questão da liberdade humana é levantada quando o rei Caspian decide abolir a escravidão em uma das ilhas. Esta liberdade pode ser interpretada não somente física, mas também espiritual. A busca pelos nobres amigos de seu pai também nos transmite de que há a necessidade de um retorno aos valores morais mais elevados que eram praticados em tempos mais remotos.
A principal lição que Lewis tenta passar para as crianças com esta estória é a necessidade de se ter verdadeiros amigos, e para que isso ocorra devem-se desconsiderar alguns defeitos.
Eustáquio Mísero (que aparece em A Viagem do Peregrino da Alvorada), junto com sua colega de escola Jill Pole, são transportados através de um portão nos fundos de seu colégio para o mundo de Nárnia. Eles precisam encontrar o príncipe Rilian, filho do rei Caspian X (de O Príncipe Caspian e A Viagem do Peregrino da Alvorada), que está desaparecido a alguns anos. O leão Aslam os auxilia fornecendo quatro sinais que identificariam o verdadeiro príncipe quando o encontrassem, e com a ajuda das sábias corujas e do pessimista paulama Brejeiro, partem em sua jornada. A viagem os leva até as Terras Agrestes do Norte, onde habitam os gigantes, e depois ao Reino Profundo, um mundo subterrâneo onde precisam enfrentar uma poderosa rainha-feiticeira. Eustáquio e Jill, assim como a maioria dos personagens das Crônicas, fazem mais uma participação no final da saga, no livro A Última Batalha.
Lewis baseou-se em vários mitos não-cristãos gregos – além da já tradicional temática cristã em suas obras – para inculcar melhor nas crianças alguns ensinamentos mais profundos. Como o mito da caverna, de Platão, retratado quando Eustáquio, Jill e Brejeiro vão parar no Reino Profundo, um mundo subterrâneo onde os habitantes – chamados de terrícolas – vivem escravizados e subjugados pela feiticeira verde, a única que possui livre acesso ao Mundo de Cima. Todos os habitantes se acostumaram a viver com pouca ou praticamente nenhuma luz, ilustrando que a falta do conhecimento (cristão, neste caso) sujeita as pessoas à dominação. A existência de vários níveis de submundos demonstra que há também vários níveis de consciência da realidade. O Reino Profundo lembra muito o reino de Hades, o deus grego das profundezas e dos subterrâneos, onde o acesso a ambos somente ocorre atravessando um longo rio através de um barco.
O feitiço lançado sobre Rilian exemplifica como as aparências podem enganar e escravizar sem que nos apercebamos disso. Alguns desejos humanos normais, quando manipulados pela mídia, religião, política etc., nos tornam escravos do consumismo, fanatismo e de outras idéias que dominam sutilmente a mente. Os manipuladores, segundo Platão, chamados de “amos da caverna”, dão a sensação de liberdade para as massas, mas uma liberdade delimitada por ideologias e superstições. Segundo a Bíblia, o principal manipulador seria o Diabo: “Satanás persiste em transformar-se em anjo de luz”. Este teria sido o primeiro manipulador, ao usar uma serpente para enganar Eva.
A saga da procura e do retorno do príncipe herdeiro ao trono retrata implicitamente a volta de Cristo. Assim como as crianças na história precisaram buscar atentamente pelo herdeiro legítimo ao trono, observando alguns sinais e sobrepujando algumas mentiras, as pessoas devem hoje estar atentas aos sinais da volta de Jesus. “Deixai vir a mim as criancinhas” e “A menos que sejam como criancinhas, não entrareis no reino dos céus” (Mateus 19:14 e 18:3), são passagens da Bíblia que reforçam o ensinamento transmitido pelo autor de que os cristãos precisam limpar suas mentes assim como as das crianças. O encontro com as criaturas adormecidas e como ao Pai Tempo no subterrâneo, destinadas a acordarem somente no fim do mundo, é outra referência cristã, desta vez ao livro de Apocalipse. Nota-se claramente que Lewis está conduzindo o final da série As Crônicas de Nárnia como se fosse o final dos tempos descrito na Bíblia. Provavelmente a sua intenção fosse instruir de maneira mais ágil os jovens com respeito às profecias bíblicas referentes a esse período de tempo.
Publicado em 1954, é o terceiro livro na ordem cronológica da série As Crônicas de Nárnia. Conta uma aventura ocorrida quando os irmãos Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia – as crianças que aparecem em O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa – reinam há vários anos em Nárnia. Mas os quatro irmãos Pervensie não são os personagens principais em O Cavalo e seu Menino, pois aparecem somente como auxiliares no enredo e para se possa situar o conto no tempo de Nárnia.
A história conta como o jovem escravo Shasta, junto com o cavalo narniano Bri, fogem da Calormânia, país vizinho e rival de Nárnia, em uma viagem para livrá-los da condição de escravos. No caminho, juntam-se a eles a menina Aravis e sua égua Huin, que também estão em fuga, porque Aravis não aceita o seu casamento arranjado. Antes de chegarem ao destino final, precisam atravessar a cidade calormana de Tashbaan, algumas tumbas assombradas e um grande deserto. Para complicar as coisas um pouco mais, Aravis descobre acidentalmente um plano dos calormanos para invadir Nárnia e Arquelândia, e em conjunto com seus amigos procura avisar aos narnianos a tempo de se prepararem para a tentativa de invasão. A história termina em uma grande batalha onde o destino de muitos acaba sendo definido.
Lugar-comum em As Crônicas de Nárnia, C. S. Lewis utiliza temas bíblicos implícitos em O Cavalo e seu Menino. Um deles é a semelhança entre as histórias de Shasta e de Moisés, pois ambos além de serem encontrados abandonados em um rio quando bebês, também servem como agentes libertadores de seu povo. A onipresença de Deus é demonstrada quando o leão Aslam aparece em várias ocasiões utilizando formas diferentes para ajudar a Shasta, que não se apercebe prontamente de tais auxílios.
O autor procura apresentar alguns aspectos políticos do jogo entre as nações, como os casamentos arranjados para formar alianças. Tanto Aravis quanto Susana se encontram nessa situação e fogem dela.
O título O Cavalo e seu Menino é uma inversão curiosa e bem humorada feita por Lewis nos papéis de quem pertence a quem, diferenciando-se das histórias infantis comuns na época em que foi escrito. Toda a fuga é sugerida e comandada pelo o cavalo Bri, mais experiente e determinado que o jovem Shasta.
O Cavalo e seu Menino não influencia diretamente nas outras histórias de As Crônicas de Nárnia, mas é citado como uma das lendas narnianas antigas em A Cadeira de Prata. E nos dá um pequeno vislumbre dos feitos praticados pelos quatro irmãos Pevensie, citados em várias das histórias como tendo um longo reinado cheio de aventuras, na chamada época de ouro de Nárnia. Tanto é que, segundo o autor, passaram-se 14 anos desde as aventuras vividas em O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, antes que as crianças voltassem pelo guarda-roupa à Inglaterra.
A única das sete histórias que compõe As Crônicas de Nárnia que ocorre exclusivamente dentro do universo de Nárnia, ela não envolve viagens entre os diferentes mundos. De tal maneira que pode ser lida isoladamente das outras, sem a real necessidade de conhecer as histórias anteriores, e não trazendo nenhum prejuízo à compreensão do leitor. São introduzidas duas nações vizinhas à Nárnia, Arquelândia e Calormânia. A Calormânia é bastante detalhada nesta obra, bem como vários de seus aspectos sócio-culturais, semelhantes aos dos povos árabes. Os calormanos são destacados em outras histórias como sendo humanos egoístas e ávidos pelo poder, e consequentemente inimigos dos narnianos. Tipificam assim o próprio homem como o conhecemos hoje, que busca o poder através de guerras e estratagemas políticos, sem ligar para o que os outros desejam.
Apesar de não ser o primeiro livro publicado da série As Crônicas de Nárnia (é o sexto), O Sobrinho do Mago é sugerido atualmente como o primeiro para a ordem de leitura, justamente por narrar a criação do mundo de Nárnia. As comparações com o Gênesis bíblico não são mera coincidência, pois C. S. Lewis, um notável defensor das idéias cristãs, usou intencionalmente várias passagens e figuras da Bíblia na composição de suas fábulas.
A história acontece durante o ano de 1900, na Inglaterra, onde duas crianças, Digory Kirke e Polly Plummer, vizinhos em uma fileira de casas conjugadas, descobrem que o sótão de suas casas é interligado por uma passagem secreta. Explorando essa passagem, conseguem entrar no até então inacessível quarto do tio de Digory, o tio André, um sujeito esquisito e misterioso. Tio André flagra a invasão e covardemente exige como retratação que ambos o auxiliem sendo cobaias em seus experimentos com os anéis mágicos, capazes de transportar qualquer pessoa que toque neles para outra dimensão.
Em sua primeira experiência, Digory e Polly vão parar em um reino totalmente destruído chamado Charn, onde despertam a malvada rainha Jadis. As crianças acabam complicando as coisas um pouco mais quando trazem acidentalmente Jadis no regresso à Inglaterra. Para evitar uma catástrofe maior, conseguem partir para em uma nova viagem entre as dimensões levando consigo, entre outros, Jadis e o tio André. E é aqui que a aventura realmente começa, pois todos acabam assistindo a criação de Nárnia pelo leão Aslam.
Essa aventura é importante para a compreensão de outras particularidades da série, como o surgimento dos animais falantes em Nárnia, do Guarda-Roupa, do poste de luz no Ermo do Lampião e da Feiticeira Branca, presentes em O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa. Digory tem uma breve participação em O Leão, e ele e Polly reaparecem no encerramento da série, em A Última Batalha. O leitor, mesmo aquele que siga a ordem cronológica, ficará com a impressão de que O Sobrinho do Mago foi escrito como um complemento para O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa, o que é a mais pura verdade.
A intenção de Lewis em passar subliminarmente os conceitos da criação bíblica para as crianças nessa história é bastante clara. Na Bíblia, Jesus Cristo é profeticamente chamado de O Leão da tribo de Judá, e é descrito como o agente criador de nosso planeta e tudo o que há nele. Outra referência bíblica sutil é a introdução de uma maçã no enredo, e que se torna necessária para o prosseguimento da série. O uso intercalado de personagens mitológicos (não-bíblicos) como faunos, centauros, ninfas, anões, gigantes e cavalos alados, é um estímulo à imaginação e dá um tempero adicional na trama.
Como a história foi escrita em 1955, traz algumas críticas implícitas à Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e à destruição causada pela bomba atômica, como por exemplo, quando descreve como Jadis destruiu todo o seu reino usando para isso somente um pequeno instrumento, a palavra execrável.
As Crônicas de Nárnia vêm sendo utilizadas por muitas denominações religiosas como reforço no ensino de conceitos bíblicos para as crianças. Mas não é uma tarefa fácil, pois não são muitas as crianças hoje em nosso país com interesse em um livro de mais de 500 páginas somente pelo puro prazer de ler. É certo que incentivados com o sucesso da série Harry Potter, talvez essa deficiência diminua um pouco com o tempo. Mas até que isso ocorra, não deixa de ser uma boa leitura também para os adultos, pois mostra como uma fábula infantil pode ser bem escrita e utilizada em nossos dias. Além de reforçar a sua fé, claro, se você for cristão.
O Príncipe Caspian é o segundo livro dos sete escritos por C. S. Lewis que compõem a série infanto-juvenil As Crônicas de Nárnia. Publicado em 1951, é sugerido como o quarto na ordem cronológica de leitura das histórias.
Mais de mil anos se passam em Nárnia após as aventuras de Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia narradas em O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, mas para as crianças na Inglaterra se passou apenas um ano. Nárnia (país) fora conquistada por piratas conhecidos como telmarinos, que foram parar em Nárnia (mundo) através de uma passagem secreta dentro de uma caverna localizada em uma ilha deserta no nosso mundo. Os narnianos legítimos são obrigados a viverem escondidos nas florestas e nas montanhas, até a ocasião em que o príncipe Caspian, sobrinho do malvado rei Miraz, descobre que sua vida está em perigo após o nascimento de um herdeiro legítimo do rei. Caspian, que sempre gostou de ouvir as histórias contadas sobre a época de ouro de Nárnia, foge e resolve restaurar o reino com a ajuda dos animais falantes, anões, gigantes, ninfas, faunos, entre outros. A partir desta história, conhecemos o divertido e corajoso rato Ripchip, que se torna amigo inseparável de Caspian e retorna em outras aventuras da série. Para vencer a guerra, Caspian precisa recorrer ao auxílio da trompa mágica da rainha Susana, que segundo a lenda invocaria os quatro reis de Cair Parável ou do leão Aslam, ou ambos os auxílios. Os quatro irmãos Pervensie são transportados novamente para Nárnia e, com grandes batalhas e duelos, e uma ajuda de Aslam, tudo termina em um esperado final feliz.
Os temas cristãos abordados por C. S. Lewis voltam à tona nesta aventura: Assim como em O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, a questão da fé em Deus, naquele que não nos é visível aparece quando Lúcia vê Aslam e os outros não acreditam nela inicialmente. A invocação por um auxílio inesperado feita por Caspian lembra muito a oração. A referência a criaturas mitológicas, como Baco e Pã, sujeitando-se à Aslam deixa a sensação de que o cristianismo é superior ao paganismo. A transformação de Cáspian – telmarino de nascença – em um defensor de Nárnia, divulga que a conversão cristã é o melhor caminho, apesar de grandes lutas e obstáculos.
Há também uma alusão invertida à Alegoria da Carverna, de Platão, quando os piratas entram na caverna e descobrem o mundo fantástico de Nárnia. Seria exatamente o caminho oposto ao que o filósofo propôs, isto é, abandonar a fantasia e buscar a realidade. Outra dicotomia entre fantasia e a realidade aparece quando Pedro e Susana são avisados por Aslam de que nunca mais retornarão a Nárnia, pois já passaram da idade para isto, assinalando assim que a fantasia seria essencial durante a infância, mas a realidade é o que mais importa para a vida adulta.
A existência de uma raça superior e racismo, questões prementes durante a 2ª Guerra Mundial, portanto, bem próximas à publicação do livro, são atacadas quando os anões narnianos não aceitam o anão mestiço Dr. Cornelius, mentor de Caspian.
É interessante a abordagem da diferença na contagem do tempo entre os mundos através da Teoria da Relatividade, de Albert Einstein, a qual nos dá a idéia de que o tempo passa de modo diferente em lugares diferentes. As mudanças na geografia de Nárnia durante o tempo em que as crianças estiveram fora, assinala que não somente as pessoas se transformam, mas também o lugar em que vivem, com ou sem a interferência humana.
Um detalhe que chama a atenção é que as crianças desta vez são transportadas da Inglaterra para Nárnia quando estão em uma estação de trem, assim como ocorre em Harry Potter. O lançamento do filme O Príncipe Caspian está previsto para 2008 em seqüência ao filme O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, produzido pela Disney em 2005.
Biah Helena
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